Em uma placa da United Airlines no aeroporto de Guarulhos - Brasil, podemos ler a lista de materiais proibidos a bordo "Gelo Seco, ..., equipamentos para acampar movidos à combustível, ...
A palavra "combustível" é um substantivo masculino. Como a crase nada mais é do que junção da preposição A com o artigo feminino A (A+A=À), não é correto colocar a crase na frase.
Correto: equipamentos movidos a combustível, apesar de alimentados a combustível fazer mais sentido nesta frase, pois não acredito que esses equipamentos necessitem de fato mover-se para serem proibidos em aeronaves :-).
Aproveitando a oportunidade, a bordo também não tem crase.
Desejamos que todos os manobristas de estacionamento não coloquem acento agudo - nem crase - na frase "Desejamos a todos os clientes um feliz natal e um próspero ano novo". Analisemos então se a todos tem crase.
Neste caso, a crase estaria relacionada à palavra clientes, um substantivo masculino. Usemos a regra do uso da crase descrita neste blog. É correto escrever "Desejamos aos clientes um feliz natal" ou então "Desejamos às pessoas um feliz natal". Se utilizarmos o todas na frase, separamos a preposição do artigo (Crase: A+A=À). Assim, "Desejamos a todas as pessoas um feliz natal." é a forma correta, sem crase.
Correto:
Desejamos a todos os clientes um feliz natal.
Desejamos a todos boas férias, uma excelente páscoa, um feliz dia dos pais, um próspero ano novo...
Crase em "Condições válidas para 16 à 22 adesões"? É difícil imaginar como o publicitário que desenvolveu esse prospecto não tenha no mínimo tido a curiosidade de pesquisar na internet se a frase estava correta ou não.
Sigamos nossa regra de trocar o substantivo feminino pelo masculino. Trocamos o substantivo feminino adesão (a adesão) pelo substantivo masculino registro (o registro). Como não faz o menor sentido Válido para 16 ao 22 novos registros, também não existe Válido para 16 à 22 novas adesões, visto que a crase (À) é o equivalente a A+A.
Esse prospecto da Net com promoções de adesão para moradores de meu prédio apareceu em minha caixa de correio esta manhã. "Válido para 16 a 22 adesões" parece bem melhor, não?
De segunda à sexta? A crase só poderia ser utilizada neste caso em "Da segunda à sexta", se estivesse implícito que nos referíamos a algo relacionado a esses números ordinais. Da segunda à sexta fileira ficarão os convidados de honra, e nunca com " De segunda à sexta fileira..." O erro acima encontra-se na ferramenta de relatórios do Google Adwords, o sistema de links patrocinados do Google.
Correto: de segunda a sexta, de segunda a sábado, de segunda-feira a quinta-feira... ** Edição pós-postagem ** O Uber foi na onda e cometeu o mesmo deslize alguns anos depois:
A crase é a é a junção da preposição A com o artigo A, que precede substantivos femininos. Ao invés de AA, utiliza-se a crase.Logo, a crase só é utilizada por via de regra quando a palavra que a segue é um substantivo feminino. Entendido isso, fica fácil entender quando usar a crase.
Exemplo: (substantivo feminino: A Feira) -
Vou a algum lugar -> Vou a+a feira -> Vou à feira comprar legumes.
Um truque que ajuda a identificar se determinada frase leva crase ou não é trocar a palavra que segue a crase por um substantivo masculino (se já for masculino, não terá crase). Se após a substituição o A for substituído por AO, então a frase original no feminino terá crase.
No exemplo acima, "Vou à feira comprar legumes.", trocamos o substantivo feminino "a feira " pelo masculino "o supermercado".
(substantivo masculino: O supermercado) -
Vou a algum lugar -> Vou a+o supermercado -> Vou ao supermercado comprar legumes
Nesse caso, trocando o substantivo feminino a feira pelo masculino o supermercado, a frase ganhou o AO. Assim, podemos ter a certeza de que a frase original leva crase.
Nota: Apesar de ser comum ler-se "Vou na feira", esta forma estaria correta apenas se a Feira fosse uma égua e você estivesse indo a algum lugar montado nessa tal de Feira. Note que EM+A=NA.
Exemplo: Vou à feira na carroçada minha tia. Podemos ver na imagem abaixo outro exemplo onde é correto utilizar-se "ir em":
Outros exemplos:
O almoço é servido às 13 horas.
O almoço é servido ao meio-dia.
Bacalhau à moda da casa.
Bacalhau ao estilo do chefe.
Saímos à noite.
Saímos ao anoitecer.
Estou à sua disposição.
Estou ao seu dispor.
Quando não usar crase:
Obras a 500 metros.
A partir dehoje , escreveremos "a partir de" sem crase.
De segunda-feira a sexta-feira, descanso.
De uma a dez pessoas...
A poucos metros de distância
Feliz natal a todos (próspero ano novo a todos, feliz páscoa a todos, feliz dia das mães a todas as mães...)
E, para concluir, deixamos o Caetano Veloso explicar, com muita propriedade, a utilização da crase:
Esta apareceu em um dos plugins do Chrome, chamado Xmarks Bookmarks Synchronizer. Ao instalar o plug-in, aparece o seguinte texto:
À seguir? Não consigo imaginar de onde saiu essa crase... Seguir não é um substantivo feminino, e a crase é a junção da preposição A com o artigo A, que precede substantivos femininos. Assim como crase em A Partir De, a seguir não tem crase. Se é para crasear o A só porque ele apareceu isolado, o programa acima podia ter ao menos mantido a consistência e errado as duas letras A - "À seguir iremos ajudar você à configurar..."
Correto: A seguir iremos ajudar você a configurar...
Você é dono de uma padaria e resolve afixar o quadro ao lado na entrada do estabelecimento . Você não serve bebidas "a menores de 18 anos" ou "à menores de 18 anos?" Aqui não cabe a crase, sendo correta a primeira versão. A palavra menores (o menor) é um substantivo masculino, e a crase se aplica apenas a substantivos femininos. Menos errado seria então "não servimos bebidas aos menores de 18 anos", se a frase tivesse o sentido implícito de "não servimos bebidas aos (jovens) menores de 18 anos".
Correto: "Não servimos bebidas a menores de 18 anos"
MODA BEBÊ À INFANTO-JUVENIL? Se a frase fosse "Da moda infantil à infanto-juvenil", a crase faria mais sentido, uma vez que a frase significaria na verdade "da moda infantil à (moda) infanto-juvenil". Mesmo com (moda) suprimido, fica a crase. Na frase original, porém, o "da" inicial não estava presente, inviabilizando a utilização da crase. Correto e mais agradável aos ouvidos: "Moda Bebê E Infanto-Juvenil".
Quando uma empresa do porte da Johnson& Johnson não consegue acertar uma crase em uma embalagem, é que algo está muito errado com nossa amada língua portuguesa. E o pior é que o erro está em um produto para crianças. Nossos filhos vão crescer escrevendo "à partir de" com crase. Vejam a foto desta embalagem do produto Crescidinhos.
Visto que a crase é a junção da preposição A com o artigo A, que precede substantivos femininos, não existe razão para colocar crase nesta frase, uma vez que partir, neste caso, nem substantivo é.
Correto: " ...para crianças a partir de 2 anos... "
Partir também pode ser utilizado como um substantivo, porém masculino. Nesse caso, escrevemos:
"Ao partir do comboio, sentaram-se todos."
Nota: A praga da crase em toda e qualquer letra A, bastando esta estar isolada, vem tomando proporções similares ao gerundismo nos call centers. Cansado de mandar e-mails a redatores, resolvi começar a documentar esses casos, começando com esta embalagem. Divirta-se e aprenda com outros casos curiosos do uso equivocado da crase.
A praga da crase mal empregada se espalha pelos meios de comunicação, embalagens, formulários... Veja neste blog exemplos de onde jamais deveria ter sido usada, e aprenda o correto uso da crase. Viu uma crase errada em alguma placa na rua? Envie para o e-mail naotemcrase@gmail.com!
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Não é só você que tem dúvidas na hora de utilizar a crase...